Hoje disseram-me que se sou forte face ao problema de saúde da minha irmã, ultrapasso isto também com facilidade.
Mas não é bem assim. Tiraram-me um pedaço de mim, a peça que antes me faltava no meu puzzle, que eu tinha encontrado e que me servia, sem tirar nem pôr, agora desapareceu. Caiu de mim, escapou-me por entre os dedos, por mais que eu tentasse agarrar. Gostava de tirar umas ''soul vacation'' (fica mais giro em inglês), para arejar, não pensar, não ter pressões a minha volta, não pensar nos meus problemas e nos meus ''dramas''. Mas não tiro nenhumas ''soul vacation'' porque, quando voltar, eles estarão à minha espera... Por isso continuarei aqui, à espera que tu, seja por descargo de consciência, seja por que for, me digas algo. Porque eu mereço mais do que o que me deste ontem. E tu sabe-lo muito bem...
Não sei porque estás a (tentar) ser uma pessoa que não és: fria, distante, nada simpática, nada acessível... O oposto da pessoa por quem me apaixonei. És
assim há meses e eu nunca me afastei de ti, sempre procurei ficar contigo, perto de ti. Não valorizas isso? Se não, então realmente morreste, a pessoa por quem me apaixonei, a pessoa que me chamava "princesa", que me dava um e dois mundos só para me ver/fazer sorrir, que me dava mimos quando eu precisava ou mesmo quando não precisava, que me apoiou na doença e na saúde, que fez planos comigo, sonhou comigo, sonhos esses que eu, ao contá-los aos meus botões, ainda sorriu. Não porque já se realizaram. Não porque não são realizáveis. Mas porque são sonhos que partilhava contigo. 27102010 não te diz nada? Eu sei que no fundo desse teu coração de pedra, de gelo, outrem meigo, está aquele calor que me atraiu, está aquele sentimento enorme que nos fez chegar onde chegamos, que fez passar o tempo que passou até agora sem nenhum dos dois vacilar no que sentia. Erramos, sim, mas errar é humano embora hajam erros imperdoáveis. Não te perdoei. Não esqueci. Mas ultrapassei. Deixei nas costas esse teu erro imperdoável que me matou, me feriu o orgulho, deixei-o na minha caixa trancada do passado que não quero reviver. Eu quero deitar essa caixa fora e pedi-te ajuda para tal, embora saiba que, juntamente com outras coisas ''antigas'', essa caixa fez de mim a pessoa que hoje sou. Os erros fizeram-me humana, as emoções fizeram-me apaixonada, tu fizeste-me entregar. Eu já não sei que hei de escrever porque pelo que vejo, posso estar errada sim, mas parece que, por mais que eu escreva, carregue no teclado seja do computador, seja do telemóvel, e escreva tudo o que me sai, tu lês e, como se costuma dizer, ''entra-te a 100 e sai-te a 200''. Esqueceste-te do nosso intervalo de 20 minutos em que me beijaste sem parar o tempo todo? Esqueceste-te do dia do Carnaval em que me disseste que eu estava mascarada de princesa? Esqueceste-te dos dias...? Esqueceste-te de nós? Esqueceste-te de dia 27? Mas, mais importante... Esqueceste-te de mim?
Quero de volta a pessoa que me fez preencher 29 páginas de um caderno só com mensagens dela. Quero de volta a pessoa que me foi comprar de propósito a ''conta'' da Pandora a dizer ''Forever Together'' e me ofereceu no dia dos namorados. Quero de volta a pessoa que me trazia inesperadamente caixas de bombons em forma de coração. Mais importante que bens materiais: Quero de volta a pessoa que me ama.

(54 cartas)
8 meses, 20 dias, 19 horas e 45 minutos. Obrigado. Amo-te.
Sem comentários:
Enviar um comentário