terça-feira, 1 de março de 2011

Hoje tive várias apresentações (Português, a minha de História e ainda acabei por ler outros poemas). Correram-me bem ambas, sendo que em Português notou-se que a turma estava atenta a minha história (falei sobre o livro 'Queimada Viva' de Souad). A livro retrata o dia-a-dia de uma rapariga da Cisjordânia, cujo pai a espancava todos os dias, quer fosse por ela ter deixado cair uma gota de água do chá no chão, quer por ter deitado migalhas de algo no chão, quer por ter colhido um tomate verde. Na sua terra, se uma mulher olha-se para um homem, usa-se uma camisola mais decotada, ou mangas curtas, mostrasse um pouco das suas pernas ou se pintasse (se arranjásse), era chamada de charmuta (uma p*ta). Souad (sim, é a autora e a personagem principal do livro) era filha do meio. Tinha mais quatro irmãos: Assad (único filho homem), Hasan, Noura, e Kainat. Assad era casado com Fatma (que também sofria maus-tratos por parte de Assad) e Noura era casada com Hussein ("). Na sua terra, uma rapariga tinha de casar virgem para causar boa impressão dos pais à aldeia. Na noite do dia do seu casamento, ela perdia a virgindade com o seu marido e, no dia seguinte, pendura o lençol com sangue na varanda para que todos possam ver. Souad não perdeu a virgindade com o seu marido mas sim com um homem que vivia em frente a ela, cujo nome era Faiez. Infelizmente e como já era de esperar, engravidou. No meio de tanta controvérsia, acabou por tentar matar o bebé (ainda dentro dela) atirando-se de barriga para o chão e contra as paredes e 'martelando' a barriga com uma pedra. Claro que não resultou. A mãe obrigara-a a mostrar o sangue quando periodo dela viesse. Ela acabou por ser espancada pelo pai várias vezes..
Uma noite, numa reunião familiar, o pai pede ao seu cunhado, Hussein, que se encarregue dela. Ou seja, a mate. Ele afirmou que a ia matar. No dia seguinte, Souad estava a lavar o chão e Hussein aparece. Pergunta-lhe como está e Souad responde que está bem. Como ela confiava no cunhado, não mostrou receios em relação ao que ouvira na noite anterior, na reunião. De repente, sente um liquido frio a escorrer-lhe desde o cimo da cabeça até aos pés. Quando dá conta, está envolta em chamas. Corre a pedir ajuda, salta o muro da sua casa e duas senhoras acodem-na, devido à pena que sentiam dela. Elas sabiam que, para Souad ter sido regada com gasolina e estar a arder, era porque tinha sido 'infiel', e desonrado a familia. Quando acordou, estava numa cama no hospital da sua terra, cujo nome ela desconhecia. Tinha queimaduras de 3º grau, e os médicos e enfermeiros que a tratavam não tinham dó nem piedade: arrancavam-lhe os pedaços de carne queimada com brutalidade, obrigavam-na a tomar banho de água fria (que a queimava devido às queimaduras), etc. Certa noite, o seu filho- Marouan- nasce. Ela mete a mão na cabeça do bebé, puxa-o e, quando finalmente ele sai do seu ventre, ela desmaia e nunca mais sabe da criança. Um dia, aparece Jacqueline, uma senhora de uma organização chamada Surgir. Ela vai ajudar Souad a recomeçar a sua vida noutro país, na Europa. Depois de ultrapassar muitos obstáculos, Souad, o seu filho Marouan e Jacqueline chegam finalmente à Suécia, onde mais tarde Souad constitui familia. Casa-se com Antonio, e tem duas filhas: Laetitia e Nadia. Uma tarde, o telefone toca. Nadia atende e pergunta quem é. Marouan pede apenas para falar com a sua mãe. Nadia aponta o número num papel, mas perde-o. Ao chegar a casa, Souad recebe a noticia que ''um senhor chamado Marouan' tinha telefonado. Os seus olhos enxaguaram-se de emoção, de felicidade. Infelizmente, Nadia perdera o papel.. Passaram-se duas semanas até que Marouan liga de novo. Desta vez atende Souad. Marcam um encontro. Chega o dia, e encontram-se num cafézinho. Souad quer vê-lo, porque ele faz-lhe lembrar o seu pai- Faiez- que, embora tenha sido um cobarde, fora o seu primeiro amor. Eles conversam, ele pergunta-lhe muitas coisas e pede para conhecer as suas irmãs. Souad, no segundo (re)encontro, leva as suas filhas, que adoraram conhecer Marouan. Disseram a sua mãe que o achavam muito simpático, muito giro..

Um dia, Souad diz-lhes a verdade: Marouan é seu filho, irmão delas. Elas ficam muito contentes e pedem para ele ir viver lá para casa. E assim acaba a história: um inicio trágico, um final feliz. É caso para dizer ''.. e viveram felizes para sempre''.

Sem comentários:

Enviar um comentário