quarta-feira, 11 de abril de 2012

mas quem será?

Não está na minha Natureza dizer aquilo que não penso, não sinto ou não sei. Não faz parte de mim e, sinceramente, não percebo como é que há gente que o faz. Assisti a isto várias vezes durante a minha vida: existe um elemento no meio de uma turma que não se sente encaixado. Não gosta do corpo, cor dos olhos, do cabelo, da cor da pele, da maneira como fala. Não se sente a altura dos outros. Então muda. Percebo que tente melhorar aqueles que considera os seus ''defeitos''. Mas daí a mudar a personalidade e tornar-se uma autêntica *biaattcchh* NÃO. Usar calças push-up para realçar aquilo que NÃO tem; falar de maneira e agir de maneira diferente NÃO; começar a ter uma atitude contrária à pessoa que é, NÃO! Eu vou falar de algo que tenho vindo a observar ao longo dos anos (acho que já deu para ver que eu gosto de observar as tristes figuras ao longe): eu tenho este problema no ombro. Coisa que me impossibilita de escrever (o que não me agrada nada); de tomar banho sozinha, pentear-me sozinha, vestir-me e calçar-me sozinha, comer como deve de ser, enfim... Cinge-me a uma data de coisas. E odeio isto! Pah, vocês até podem achar que não é nada demais, que vou recuperar facilmente, etc.. mas não, enganam-se. Eu posso muito bem ficar assim para sempre. Incapacitada. Porque a cápsula (uma coisa que temos dentro do ombro: o que nos permite ter força para os ângulos do braço e para pegar nas coisas) está mole, e, para além disso, enquanto vocês todos têm-na inteira, eu tenho apenas metade. A cápsula vem rija de nascença e ao longo dos anos, com o crescimento, vai crescendo e ficando mais rija. Agora pensem no tempo que demoraram a ter a força que tem hoje. Pois, eu tenho a mesma que um bebé. A cápsula é uma coisa que demora muito e custa muito a voltar ao normal. Para terem uma breve noção, há um senhor amigo do meu pai que foi operado no mesmo dia que eu (dia 20 de Janeiro, a minha primeira operação), eu fui a primeira a ir para o bloco, ele foi a seguir a mim. A operação dele era feita pelo mesmo médico e era o mesmo procedimento. Ele falou com o meu pai hoje e foi o próprio a dizer que às vezes, só não chora na fisioterapia por vergonha. Eu choro. Eu não tenho músculo nem carne no ombro e tenho um espaço de cerca de dois centímetros entre os ossos. Agora pensem um bocadinho, se faz favor.

Adiante..
Este problema incapacita-me. Felizmente, tenho amigos e professores porreiros, amigos que não digo que tenham pena de mim de uma forma má, mas sim de uma forma boa tanto que procuram sempre saber se preciso de ajuda. De vez em quando aleijam-me, mas não levo a mal, porque eles esquecem-se em qual braço tenho o problema. Infelizmente, há quem tenha ciúmes, penso eu, de eu ter uma certa atenção extra por parte de muita gente. Então, usa dores de cabeça, má disposição, como pretexto para tentar chamar a atenção. E de seguida, começam as cópias das minhas atitudes: brincar um bocadinho com os professores na aula, falar um bocado mais alto, rir estridentemente... E chegar ao cúmulo de tentar copiar estilos (roupas).
Aqui vai uma novidade: não me agrada ter a atençãozinha extra. Mas preciso dela, infelizmente preciso. Já não posso ser independente como era. Aceitem-se como são e compreendam os problemas dos outros, por amor de Deus.

Dá uma certa pena...

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